Serão nove dias ininterruptos de programação, com montagens de teatro, circo e dança para o público aproveitar. Os ingressos podem ser retirados sem custo a partir desta terça-feira, 16 de julho, na chapelaria do local
Porto Alegre será palco, a partir da próxima sexta-feira, dia 19 de julho, de uma importante iniciativa para a retomada das artes cênicas no Estado: o Festival Movimenta Cena Sul. A ação emergencial, anunciada pelo governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Cultura (Sedac), para apoiar trabalhadores da cultura afetados direta ou indiretamente pelas enchentes, reunirá 15 espetáculos gaúchos para apresentações, até o próximo dia 27, nos diferentes espaços administrados pela Fundação Theatro São Pedro (FTSP). Serão nove dias ininterruptos de apresentações, com montagens de teatro, circo e dança para o público aproveitar gratuitamente no palco principal, no Teatro Oficina Olga Reverbel, na Concha Acústica, na Sala da Música e na Praça Multipalco.
A programação destaca importantes montagens produzidas em seis cidades do Rio Grande do Sul, incluindo espetáculos premiados e com extensa trajetória, assim como produções mais recentes, todos escolhidos por uma criteriosa curadoria, após avaliação de mais de 150 inscritos. As sessões são variadas e vão de clássico inspirado em Shakespeare a teatro de máscaras e bonecos, passando ainda por um espetáculo infantil e dramas que destacam diferentes assuntos, como questionamentos existenciais, feminismo, masculinidade, vulnerabilidade social, raça e a relação dos seres humanos com o meio ambiente.
“O festival é uma iniciativa fundamental para a retomada do setor das artes cênicas do nosso Estado. O principal objetivo é gerar trabalho, dignidade, reaquecer a labuta artística. E o resultado disso é, também, oportunizar para a sociedade uma efervescência de experiências artísticas. A grade de espetáculos ficou muito diversa e, com isso, esperamos plateias diversas também. Que a arte movimente e seja estímulo para despertar o sensível, o afeto e a fé nesse momento”, comenta Gabriela Munhoz, diretora artística do Theatro São Pedro.
A abertura do festival será no dia 19, às 20h, com o espetáculo circense Dalí, que utiliza acrobacias, contorção, malabares, parkour e perna de pau para resgatar o universo de um dos maiores ícones da arte surrealista do mundo. Da capital, também foram selecionadas as peças Instinto, do Projeto GOMPA; O Inverno do Nosso Descontentamento – Nosso Ricardo III, da Cia Teatro ao Quadrado; Zaze-Zaze: Uma Festa para Vavó, da Usina do Trabalho do Ator; A mulher que queria ser Micheliny Verunschk, da Cia Stravaganza; assim como os espetáculos de dança Cotidiano Urbano, do Restinga Crew; Persona, da Ânima Cia de Dança; Onde está Cassandra?, da drag queen Cassandra Calabouço; e Ecos, da Transforma Cia de Dança.
Montagens de outras cidades gaúchas também poderão ser conferidas, como Habite-me, que conta com atuação e pesquisa de Carolina Garcia, de Morro Reuter; o espetáculo cênico-performático-social Ubumpuru Transversal – Uma Corpa Marginal, estrelado pela multiartista AJeff Ghenes, de Veranópolis; e as peças Mulheragem, da Cia Dramática, de Imbé; Laysa Taylor: Memórias de uma Diva, do Núcleo de Póiesis Teatrais, de Santiago; e Mesa Farta, do Grupo Pretagô, de São Leopoldo. Para crianças e adolescentes, haverá ainda a primeira apresentação na capital de O Sol de Cada Um, da Sintonia Teatral, de Santa Cruz do Sul.
Antes de todas as apresentações, o público ainda será recepcionado por performances especiais realizadas por 27 artistas circenses contratados pelo Instituto Estadual de Artes Cênicas (IEACEN). Os ingressos para todos os espetáculos podem ser retirados sem custo a partir de amanhã, dia 16 de julho, na chapelaria do Theatro São Pedro, que funcionará de terça a sexta-feira, das 11h às 19h, e aos sábados e domingos, das 15h até o horário de início das apresentações. A programação completa está disponível no site www.theatrosaopedro.com.br.
As 15 produções foram selecionadas através de uma chamada pública, utilizando critérios como consistência da concepção artística, criatividade e inovação, assim como a trajetória da equipe do espetáculo e a realização de ações afirmativas com inclusão e protagonismo de grupos sociais sub-representados. Participaram da curadoria representantes do IEACEN e da FTSP, além de seis profissionais da cidade civil com atuação na área: lIda Celina, Zé Adão Barbosa, Rafael de Moura, Pedro de Camillis, Natália Dornelles e Silvia Maciell.
O evento emergencial ainda contempla quatro oficinas virtuais, destinadas a 160 profissionais de arte cênicas, assim como a seleção de 30 intervenções artísticas que serão realizadas nos municípios do Estado entre os dias 16 de agosto e 1º de dezembro. Com todos esses desdobramentos, o projeto prevê oportunidades para cerca de 300 trabalhadores do setor, além de impactar mais de 10 mil espectadores pelo território gaúcho.
A secretária de Estado da Cultura, Beatriz Araujo, lembra da mobilização imediata do governo do Estado junto ao Banrisul e a outros apoiadores para enfrentar os efeitos das enchentes na cultura gaúcha. “Estamos viabilizando projetos que ofereçam oportunidades de geração de renda à cadeia produtiva das artes, composta por profissionais que, na pandemia, foram os últimos a retornar e, nessa crise climática, estão entre os primeiros a voltar ao trabalho”, comenta Beatriz.
O Festival Movimenta Cena Sul tem realização da Associação Amigos do Theatro São Pedro (AATSP), apoio da Fundação Theatro São Pedro (FTSP) e do Instituto Estadual de Artes Cênicas (IEACEN) – instituições vinculadas à Secretaria de Estado da Cultura do Rio Grande do Sul (Sedac), apoio cultural da Associação de Produtores de Teatro do Brasil (APTR) e SP Escola de Teatro, e patrocínio do Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul).
SERVIÇO
Festival Movimenta Cena Sul
De 19 a 27 de julho
Em diferentes espaços da Fundação Theatro São Pedro (Praça Mal. Deodoro, S/N – Centro Histórico, Porto Alegre/RS)
Ingressos gratuitos, com retirada na chapelaria do Theatro São Pedro, de terça a sexta-feira, das 11h às 19h, e aos sábados e domingos, das 15h até o horário de início das apresentações
PROGRAMAÇÃO
19 de julho, sexta-feira, às 20h, no Theatro São Pedro
Dalí (Circo – Porto Alegre)
Classificação etária: Livre. Duração: 65 minutos
Espetáculo circense livremente inspirado no universo de Salvador Dalí, um dos maiores ícones da arte surrealista do mundo. Na apresentação, clássicos números circenses – como duo acrobático, contorção, perna de pau, parada de mão, tecido, roda cyr, lira, malabares e parkour – servem de trampolim para recontar a vida e a obra do pintor espanhol que marcou o século 20.
20 de julho, sábado, às 20h, no Theatro São Pedro
Onde está Cassandra?, de Cassandra Calabouço (Dança – Porto Alegre)
Classificação etária: Livre. Duração: 60 minutos
Cinco drag queens apresentam coreografias, cenas e números de lipsync para contar a trajetória de 25 anos de Cassandra Calabouço, mostrando novos e importantes desdobramentos na pesquisa do hibridismo entre a linguagem da dança e a estética performativa do universo drag. O espetáculo também traz à cena questionamentos políticos e existenciais.
21 de julho, domingo, às 18h, no Theatro São Pedro
A mulher que queria ser Micheliny Verunschk, da Cia Stravaganza (Teatro – Porto Alegre)
Classificação etária: 16 anos. Duração: 65 minutos
Versão para o teatro do romance homônimo de Wilson Freire, a peça apresenta uma mulher que sai pouco de seu aquário e tem contato com o mundo somente através dos homens que passam por sua vida e logo se vão. A personagem, interpretada por Sandra Possani, é um “porto sem cais”, que vê a vida passar e sumir no mar, em constante imobilidade. Mas sua imaginação é gigante: gosta de garatujar letras, cascavilhar ideias, chafurdar frases à procura da inspiração para contar a sua própria história.
22 de julho, segunda-feira, às 19h, no Teatro Oficina Olga Reverbel
Ubumpuru Transversal – Uma Corpa Marginal, de AJeff Ghenes (Teatro – Veranópolis)
Classificação etária: 14 anos. Duração: 70 minutos
Espetáculo cênico-performático-social que surge para conectar histórias corporificadas pela simbologia cênica, trazendo ao palco lembranças adormecidas da memória coletiva, com narrativas do real e ficcional. Estrelado pela multiartista AJeff Ghenes, uma travesti não-binária, periférica, racializada, vinda de Veranópolis, no interior da Serra Gaúcha, o espetáculo subverte e decoloniza sua própria linguagem e proposição estética, com uma Corpa que não está só no palco, ela está inundada de muitas, de outras, de nós.
22 de julho, segunda-feira, às 20h, no Theatro São Pedro
O Inverno do Nosso Descontentamento – Nosso Ricardo III, da Cia Teatro ao Quadrado (Teatro – Porto Alegre)
Classificação etária: 14 anos. Duração: 100 minutos
Ricardo III, a obra-prima de Shakespeare, é o ponto de partida do espetáculo que apresenta a ascensão ao poder do tirano Ricardo ao trono da Inglaterra, por meio de violências e traições. A peça desconstrói o texto shakespeariano e incorpora em sua narrativa vários outros tiranos que, ao longo da História, fizeram mau uso do poder, provocando morte e destruição. Com linguagem cênica contemporânea, provoca os espectadores com sua teatralidade no tratamento dado ao clássico.
23 de julho, terça-feira, às 19h, no Teatro Oficina Olga Reverbel
Mesa Farta, do Grupo Pretagô (Teatro – São Leopoldo)
Classificação etária: 16 anos. Duração: 70 minutos
O espetáculo propõe uma reflexão sobre este lugar-objeto, a mesa, que elabora o cotidiano da vida. Um móvel que passa batido sobre nossos sentidos e que é um suporte importante para realizarmos ações simples, porém fundamentais. Sobre ela comemos, bebemos, choramos, rimos, celebramos a vida e a morte, sonhamos, divagamos e decidimos. Na mesa são feitos acordos sobre as possibilidade de mudanças a partir das escolhas, confissões e decisões.
23 de julho, terça-feira, às 20h, no Theatro São Pedro
Ecos, da Transforma Cia de Dança (Dança – Porto Alegre)
Classificação etária: Livre. Duração: 60 minutos
O espetáculo traz para a cena a responsabilidade coletiva sobre Gaia, conceito da Terra como organismo vivo, do ambientalista gaúcho José Lutzenberger. A obra provoca reflexões importantes do que fomos, somos e o que podemos não vir a ser, buscando traduzir, através da poética da dança, a evolução da relação da humanidade com o meio ambiente, a sua harmonia, mas também a dissonância crescente em virtude de uma atitude cada vez mais individualista.
24 de julho, quarta-feira, às 15h, na Sala da Música
O Sol de Cada Um, da Sintonia Teatral (Teatro – Santa Cruz do Sul)
Classificação etária: Livre (infantojuvenil). Duração: 45 minutos
O espetáculo conta a história de Vit Trevo, um trevo de quatro folhas que sofre bullying pelos colegas na escola, pois é diferente de todos os outros trevos, que têm três folhas. O personagem principal se entristece com isso, e acaba fugindo de casa. Nessa jornada, ele encontra Ana Kakta e Mateus Menino, que acabam se transformando em seus amigos, dando conselhos e força um ao outro na resolução de suas aflições.
25 de julho, quinta-feira, às 17h, na Sala da Música
Laysa Taylor: Memórias de uma Diva, do Núcleo de Póiesis Teatrais (Teatro – Santiago)
Classificação etária: 18 anos. Duração: 45 minutos
A peça conta a história de sucesso, sofrimento e traumas de uma mulher transexual: uma performer de muito sucesso, mas que guarda muitos traumas e histórias do passado. No seu camarim, após o seu show, ela divide com o público as suas memórias, em uma narrativa cheia de nuances entre o drama e a comédia. A montagem tem texto e atuação de Lohana Valentini e direção de Pablo Fernando Damian.
25 de julho, quinta-feira, às 19h, no Teatro Oficina Olga Reverbel
Mulheragem, da Cia Dramática (Teatro – Imbé)
Classificação etária: 12 anos. Duração: 70 minutos
A montagem reúne seis cenas curtas que refazem a memória de mulheres na história e denunciam as violências cometidas contra elas. Poderosas e inquietas, elas foram protagonistas mesmo em épocas contraditórias, lutando pelos seus direitos e conquistando seu espaço. Na peça com concepção e idealização de Juçara Gaspar e direção de Guadalupe Casal, seis atrizes trazem à tona biografias que foram subtraídas e histórias que nunca tiveram espaço para serem contadas.
25 de julho, quinta-feira, às 20h, no Theatro São Pedro
Instinto, do Projeto GOMPA (Teatro – Porto Alegre)
Classificação etária: 16 anos. Duração: 45 minutos
Vencedor do prêmio Ibsen Scope na Noruega, o espetáculo com direção de Camila Bauer é uma interpretação contemporânea fragmentada do personagem Brand, de Henrik Ibsen. Misturando teatro, dança, música e artes visuais, questiona os limites da humanidade diante de líderes extremistas e nossa própria capacidade de raciocínio frente aos instintos animais. É um reflexo sobre o conflito entre ideais e ações humanas, explorando nossas semelhanças com primatas e as complexidades do mundo atual.
26 de julho, sexta-feira, às 19h, no Teatro Oficina Olga Reverbel
Habite-me, da Líria Cultural (Teatro – Morro Reuter)
Classificação etária: 14 anos. Duração: 50 minutos
Conduzido por um fio narrativo musical, a dramaturgia é dividida em três quadros, com elementos de cena que almejam estimular o espectador a sentir e encontrar sentidos na cadeia de personagens que surgem e se desfazem de um quadro a outro, intercalados por um espaço moldável pelo ar, por meio de infláveis, numa alusão à efemeridade do tempo que nos absorve e à inconstância da matéria. A montagem utiliza teatro de máscaras, danças e bonecos e conta com atuação e pesquisa de Carolina Garcia, além da direção e dramaturgia de Paulo Balardim.
27 de julho, sábado, às 15h, na Praça Multipalco
Zaze-Zaze: Uma Festa para Vavó, da Usina do Trabalho do Ator (Teatro – Porto Alegre)
Classificação etária: Livre. Duração: 65 minutos
A trama do espetáculo gira em torno de Vavó, uma personagem negra, idosa e pobre, que está no limiar de sua vida e carrega consigo uma história rica em experiências e desafios. Com uma narrativa sensível e poderosa, o espetáculo de rua apresenta memórias de juventude, momentos com o marido, cenas ritualísticas e outras recordações que expõem a condição de vida da mulher negra no Brasil.
27 de julho, sábado, às 17h, na Concha Acústica
Cotidiano Urbano, da Restinga Crew (Dança – Porto Alegre)
Classificação etária: Livre. Duração: 40 minutos
O espetáculo destaca momentos da trajetória do Restinga Crew, grupo que nasceu na periferia de Porto Alegre. Com coreografias que unem dança de rua com elementos lúdicos e teatrais, a montagem mostra a realidade dos dias na comunidade, com a lotação nos ônibus, a arte de rua, a cultura hip hop e a vulnerabilidade social.
27 de julho, sábado, às 19h, no Teatro Oficina Olga Reverbel
Persona, da Ânima Cia de Dança (Dança – Porto Alegre)
Classificação etária: 16 anos. Duração: 60 minutos
O espetáculo de dança contemporânea apresenta Autoimagem e Macho Homem Frágil, as duas últimas obras dirigidas por Eva Schul que já foram mostradas juntas em formato virtual. Durante o festival, as criações serão apresentadas de forma presencial e inédita. Os intérpretes recebem o público carregando espelhos, que também estão pendurados em diferentes locais do palco: o público vê os intérpretes e a si como parte da obra, mergulhando em imagens e personas em movimento.
Mais informações em www.theatrosaopedro.rs.gov.br
Assessoria de Imprensa:
Jéssica Barcellos Comunicação